Do Blog do Gilberto Léda
Sexta-Feira, 24 de maio de 2013
Uma
conversa entre o delegado de Polícia Civil aposentado Sebastião Justino
da Silva Neto e seu irmão, o agente de Polícia Civil Alcides Nunes da
Silva, às 8h40 do dia 13 de junho do ano passado – dia da prisão de oito
dos denunciados por encomendar e executar o assassinato do jornalista
Décio Sá – revela a supresa do policial suspeito de envolvimento com a
quadrilha ao saber da notícias de que os supostos comparsas estavam
presos.
Justinho estava em São Luís,
Alcides, no interior do estado, já que havia sido inserido pela SSP numa
missão na região de Carutapera justamente para estar fora da cidade no
dia da deflagração da Operação Detonando. O objetivo era evitar que ele e
o também agente Joel Durans – ambos com estreita relação com o grupo
comandado por Gláucio Alencar – pudessem vazar alguma informação sobre a
ação policial.
“Tá todo mundo preso lá”, anuncia Justino. Alcides se mostra surpreso: “É mesmo?!”.
Em outro trecho (veja a transcrição abaixo ou baixe o áudio aqui)
eles comentam a ligação do crime de São Luís com o assassinato de Fábio
Brasil, em Teresina, a principal linha de investigação e que levou à
elucidação do caso.
Como as prisões
tinham acontecido poucas horas antes da conversa gravada com autorização
da Justiça, Justino mostra certo desconhecimento sobre quem estava ou
não preso. E chega a dizer que o deputado Raimundo Cutrim (PSD) havia
sido detido pela polícia – Cutrim e Justinho estão denunciados juntos em
outro processo, sobre grilagem de terras (reveja).
“O
Cutrim já foi?”, pergunta Alcides. “Já tá preso, já. Tem oito presos
já. [ininteligível]. Diz que a governadora vai até divulgar também”,
responde o delegado aposentado. Na verdade, apesar de citado no caso, o
deputado sequer foi investigado. O TJ ainda precisa se posicionar sobre
isso.
Os dois grampeados também
comentam sobre uma suposta “ajuda” de Gláucio Alencar à campanha do
deputado peessedista. “O Gláucio, ele disse que o Gláucio
[ininteligível] ajudou ele na época, na campanha”, afirma Justino. O
agente concorda: “Ajudou”.
Justino: Tá todo mundo preso lá. A história lá. Liguei lá [ininteligível]. Já foi preso o Gláucio, o Miranda. Estourou a bronca.
Alcides: É mesmo?! É mesmo?!
Justino: Prenderam o cara também [ininteligível]. A ligação é certinha aquela, entendeu?
Alcides: Sim.
Justino: A ligação é certinha com o Pará. Não sei se prenderam o cara do Pará, mas parece que já prenderam o [ininteligível].
Alcides: Mas tá envolvendo quem, o Júnior?
Justino: Hein?
Alcides: Prenderam ate Gláucio, é?
Justino: Prenderam até Gláucio já. Miranda. Todo mundo.
Alcides: É mesmo?
Justino:
É por aquela história de Teresina, tá entendendo? Relacionando uma
coisa com a outra. [ininteligível]. Eu tô te falando porque aquela
história de ontem que nós conversamos ontem bateu certinho, tudinho
Alcides: É, mas ele não tem nada a ver. O Gláucio não tem nada a ver.
Justino: É não tem nada a ver, não.
Alcides: O Cutrim já foi?
Justino: Hein?
Alcides: Cutrim não?
Justino: Já tá preso, já. Tem oito presos já. [ininteligível]. Diz que a governadora vai até divulgar também.
Alcides: É né? Ontem mesmo eu tava com ele. [ininteligível]
Justino: O Cutrim me disse agorinha, me confirmou, que é amigo dele e de Junior. [ininteligível]. Ele confirmou agorinha.
Alcides: Que é amigo do Júnior?
Justino:
Amigo do Júnior Bolinha. Carrega, usa caçamba dele, não sei o que é que
tem. [ininteligível]. Mas através daquele outro cara também.
Alcides: [ininteligível]
Justino: Não, eu tô dizendo é o Gláucio. O Gláucio, ele disse que o Gláucio [ininteligível] ajudou ele na época, na campanha.
Alcides: Ajudou.
[ininteligível]
Alcides: … o cara que mataram no Araçagy ontem, antes de ontem.
Justino: É. Ele que entregou tudinho e não protegeram o cara. Morreu de graça e deixou a família toda chorando aí.
Alcides: [ininteligível]
Justino:
Aí Júnior Bolinha vai botar ele realmente por isso. Sabe quem vai
envolver? O Júnior Bolinha vai envolver o Gláucio na história de
Teresina.
Alcides: Ontem mesmo eu tava com ele, rapaz, com o Gláucio lá. Eu tive lá com ele, na casa dele lá [ininteligível].
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