Quinta-Feira, 17 de janeiro de 2013
No dia em que o Papa Bento XVI
condenou a adoção de crianças por homossexuais, o deputado federal Jean
Wyllys afirma que pretende adotar uma criança. “Vivemos num estado
laico. Quero e vou adotar um filho. É um direito meu. E nem o Papa e nem
ninguém pode impedir. Adoção é direito civil. Nenhuma igreja pode se
sobrepor ao Estado”
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Deputado Jean Wyllys diz que pretende adotar filho. (Foto: Agência Câmara) |
Coincidência ou não, no dia em que o Papa Bento XVI condenou a adoção de
crianças por homossexuais, o jornal Folha de São Paulo publica uma
matéria com o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), ativista e
homossexual assumido, que afirma que pretende adotar uma criança quando
completar 40 anos de idade. “Vivemos num estado laico.
Quero e vou adotar um filho. É um direito meu. E nem o Papa e nem ninguém pode impedir. Adoção é direito civil. Nenhuma igreja pode se sobrepor ao Estado”, disse Wyllys.
Quero e vou adotar um filho. É um direito meu. E nem o Papa e nem ninguém pode impedir. Adoção é direito civil. Nenhuma igreja pode se sobrepor ao Estado”, disse Wyllys.
Para o deputado, o posicionamento do sumo pontífice da igreja católica
ao condenar o posicionamento da suprema corte de apelação italiana que
garantiu o direito de uma mãe homossexual de manter a custódia de seu
filho, é uma das causas que contribuem para manter o preconceito e
incentivar a homofobia contra o segmento de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (LGBT). “A homofobia ganhou secularidade e o que
é pior, laicidade.
O que existe é uma demonização dos homossexuais e do povo de santo. O
catolicismo e qualquer outra religião tem o direito de achar que o
homossexualismo é pecado e eu tenho o direito de achar que não é. O que
não pode é que este posicionamento seja utilizado por grupos que
reproduzem este comportamento de forma violenta ou homofóbica”, observa o
parlamentar.
Como exemplo deste comportamento, Wyllys cita o último levantamento
feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), um dos mais antigos a atuar em
defesa dos direitos do semento LGBT, sobre o assassinato de homossexuais
em todo o Brasil. Segundo a pesquisa, o número de mortes ligados a
homofobia cresceu 27% em 2012 quando em comparação com o exercício
anterior, chegando a 338 assassinatos. Desde 2005, os crimes do gênero
subiram 317%.
“Qualquer cidadão, seja heterossexual ou homossexual, está sujeito a
sair de casa , ser assaltado e levar um tiro. Mas o homossexual está
ainda mais exposto. Basta ser apontado como tal que a qualquer momento
ele pode sofrer algum tipo de agressão unicamente por razões de gênero
ou de escolha sexual. É um crime de ódio”, diz o deputado. Apesar disto,
Wyllys reconhece que o incremento no registro deste tipo de crime pode
estar ligado ao fato do grupo LGBT estar denunciando com mais vigor
crimes desta natureza , diminuindo a subnotificação, bem como a uma
maior intolerância por parte de alguns grupos sociais.
“Neste ponto a internet deu uma grande contribuição, um grande impulso,
para que fosse criada uma reação contra uma situação que vivia escondida
nos porões. Ela deu uma maior visibilidade a esta situação. Agora
existe uma reação por parte do segmento LGBT , que deixou de ser um
grupo invisível para a sociedade”, comenta. “Não queremos ter mais
direitos que ninguém, mas queremos que haja uma igualdade válida para
todos. Queremos apenas o cumprimento da Constituição, que veta o
preconceito em todas as suas formas”, completa.
E é neste ponto que Jean Wyllis vai de encontro ao posicionamento tomado
pelo Papa Bento XVI ao condenar a adoção de crianças por homossexuais.
“A igreja não pode se imiscuir em questões referentes ao Estado.
O Estado é laico. Isto é uma questão de direitos civis. Não pode haver
uma discriminação desta natureza, que viole uma das cláusulas pétreas da
Constituição que é indiscriminável”, defende. Apesar das críticas,
Wyllys observa que os setores progressistas da Igreja e que atuam junto
ao grupo LGBT possuem um posicionamento diferente do manifestado pelo
Papa.
Paulo Emílio, PE 247
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