segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A oposição itinerante

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Segunda-Feira, 09 de dezembro de 2013


Pouca gente foi ouvir a turma do Baleco. Foto tirada de longe: truque para passar a ideia de quantidade e não parecer que só quatro dos 15 vereadores participaram da reunião. Fonte: blog do Alexandre

Sob pretexto de ouvir reivindicações da população, Nonato Baleco e sua turma foram até o conjunto “Mil Casas” na última sexta-feira para realizar aquilo que a imprensa oposicionista está chamando de “Câmara Itinerante” – na verdade uma encenação puramente midiática que tem como objetivo principal promover o presidente e ao mesmo tempo desgastar a imagem do governo municipal.

A exemplo do que ocorreu durante a audiência pública para discutir a Lei Orçamentária Anual (LOA) e o Plano Plurianual (PPA), o evento foi marcado pelo isolamento e pela falta de legitimidade, uma vez que não contou com a adesão da maioria dos 15 vereadores que compõem a Câmara. Desses, somente quatro parlamentares compareceram à reunião - Nonato Baleco, Eduardo Sá, Missicley Araújo e Eduardo Braga -,  justamente os que fazem oposição raivosa e intransigente à atual gestão. 

Por esta e outras razões, o périplo de Baleco e seus três gatos pingados pelos bairros de Chapadinha já está sendo jocosamente batizado pelos governistas de “Oposição Itinerante”. O curioso nisso tudo é que a maioria das reivindicações que eles afirmam ter colhido na comunidade do conjunto Mil Casas – a questão da iluminação, transporte público, qualidade da água e lazer – já haviam sido propostas pelo vereador Manin e aprovadas pelos próprios parlamentares. 

De todo modo, ainda que tenha caráter oportunista e promocional, a ideia de um parlamento itinerante não é ruim, uma vez que permite uma aproximação da Câmara com o povo. Porém, para que aconteça e seja legítima, antes de tudo deve haver ampla participação da comunidade e dos próprios parlamentares. Não foi o que ocorreu no residencial José de Souza Almeida, onde pouquíssimas pessoas (considerando-se que na área vivem mais de mil famílias) se reuniram para ouvir Baleco e sua turma.

Além disso, há também outra questão: em projetos como esse, antes de ouvir reivindicações e cobrar do governo, a Câmara deve inicialmente prestar contas das suas próprias atividades. Deve dizer, por exemplo, quanto e como estão sendo gastos os recursos repassados ao Legislativo; como e quais contratos foram firmados entre a Câmara e outros órgãos ou empresas. Enfim, o parlamento, através de sua presidência, deve dar o “bom” exemplo de transparência para, dessa forma, obter legitimidade nas suas ações. Só assim a população vai sentir segurança e conferir credibilidade às palavras e atos dos vereadores.  

Ivandro Coêlho, professor e jornalista/blog do Café Pequeno
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