sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Deputada Bia Kicis confessa ter divulgado dados pessoais de médicos que defendem a imunização infantil

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A deputada bolsonarista Bia Kicis, do PSL, confessou nessa quinta-feira (6) que divulgou, em um grupo do Whatsapp, os dados pessoais de três médicos que defendem a vacinação de crianças contra a Covid. As informações são do portal G1.

O vazamento foi revelado pelo jornal “O Globo”. Os documentos estavam em poder do Ministério da Saúde e foram vazados nas redes sociais por grupos que alimentam correntes contra a imunização.

Os médicos são: Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações; Marco Aurélio Sáfadi, da Sociedade Brasileira de Pediatria; e Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações. Eles participaram da audiência pública promovida pelo Ministério da Saúde, na terça-feira (4).

Os três apresentaram argumentos contundentes em defesa da vacina contra a Covid em crianças de 5 a 11 anos, postura contrária a que o presidente Bolsonaro vem defendendo publicamente.

Antes da audiência, os médicos entregaram ao ministério as chamadas "declarações de conflito de interesses", uma praxe no meio acadêmico, em publicações científicas, consultorias, audiências públicas. Os profissionais indicam para quais empresas já prestaram serviços e, via de regra, as declarações são tornadas públicas.

O problema é que foram vazadas fotos dessas declarações na íntegra, com os dados pessoais dos médicos - CPF, e-mail, celular -,o que é irregular.

A deputada bolsonarista Bia Kicis, do PSL, que participou da audiência com mais três indicados por ela para argumentar contra a vacinação infantil, admitiu que compartilhou as declarações em um grupo de WhatsApp.

A deputada, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, disse ao jornal que compartilhou em um grupo de ‘zap’ de médicos. Quando avisaram no Ministério da Saúde que alguém havia postado, ela pediu imediatamente que quem o fez removesse. Mas o ministério informou que os documentos iriam para o site. Por isso, entendeu que eram públicos.

Um dos médicos prejudicados disse que o vazamento foi ainda durante a audiência pública e que, logo depois, os três começaram a receber, em seus perfis nas redes sociais, agressões, ataques intimidatórios e ameaças de grupos radicais antivacina.

Não é a primeira vez que redes bolsonaristas fazem ameaças com vazamento de dados. No dia que a Anvisa aprovou a vacinação em crianças acima de 5 anos, o próprio presidente Jair Bolsonaro disse em uma rede social que ia divulgar nomes de diretores e técnicos da agência que participaram da aprovação. Ele foi duramente criticado.

Os médicos que tiveram dados vazados cobraram providências do Ministério da Saúde. A secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid, Rosana Leite de Melo, condenou a divulgação irregular, mas não disse quais providências serão adotadas.

A nota afirma que “não autorizou ou disponibilizou para divulgação o documento”, que “não compactua com a divulgação de dados pessoais sem o consentimento dos envolvidos. Eventual divulgação das referidas informações se deu de forma indevida”.
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