terça-feira, 20 de junho de 2023

Júnior Carneiro, o plano Cohen e o piso da enfermagem

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Por Hipólito Cruz (*)
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
O Plano Cohen foi um documento que apareceu na época do primeiro mandato do presidente Getúlio Vargas – para ser mais preciso, no ano de 1937. O tal documento traria a revelação de uma suposta intentona para derrubar o governo e instalar no Brasil uma ditatura comunista. Na realidade, o tal documento foi apenas um pretexto para Vargas dar o golpe que instalou a ditatura do Estado Novo, e não passava de uma obra de ficção do major do Exército Olímpio Mourão Filho, que à época militava na Ação Integralista Brasileira. Podemos dizer então, que o Plano Cohen foi uma das fakes News mais bem criativas da política brasileira.

Na sessão legislativa da Câmara Municipal de Chapadinha do último dia 15, o vereador Júnior Carneiro (PV) que faz sistemática oposição ao governo da prefeita Ducilene Belezinha, utilizou a tribuna para afirmar que o Município teria recebido no mês de maio, um recurso para assegurar o pagamento dos profissionais da enfermagem. Muito seguro de si, o edil afirmou que o dinheiro “caiu” na conta, porém não tinha sido destinado à categoria. A título de informação, apesar de aprovado e sancionado, o Piso Nacional da Enfermagem ainda não se encontra em vigor, pois ainda depende de julgamento por parte do STF, que pretende retomar a discussão apenas no próximo dia 23 (sexta-feira).

Agindo com bastante prudência, o STF discute o impacto orçamentário que pode causar nas contas dos Estados e Municípios. O Governo Federal destinou R$ 7,3 bilhões para assegurar o pagamento do Piso, porém se estima que seriam necessários mais de R$ 10 bilhões, somente para os Municípios. Até agora, nenhum ente público recebeu um tostão para o custeio do Piso da Enfermagem.

Provando está totalmente alheio às últimas informações sobre a real situação do Piso Nacional da Enfermagem, o vereador usou o seu espaço para passar informações inverídicas para a sociedade. Isso no mínimo deveria merecer uma censura e um pedido de desculpas.

Assim como o Plano Cohen, a fala de Júnior Carneiro foi mera obra de ficção.

(*) Pós-graduado em Ciências Políticas.
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