sexta-feira, 21 de março de 2025

Artigo: Osmar Meneses, um exemplo de honradez e espirito público; por Hipólito Cruz*

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Sinto-me bastante pequeno e insignificante para falar de Osmar Meneses, um grande amigo que a vida me deu, que foi precocemente convocado pelo Pai celestial a retornar para a casa eterna na última quarta-feira (18), quando deixamos de usufruir de sua presença física para tê-lo apenas em nossos corações e nas nossas lembranças.

Logo que vim morar em Chapadinha, em dezembro de 2019, sempre que passava em frente aos estúdios da Rádio Cultura FM, observava aquele senhorzinho na porta, muitas vezes vestido com a camisa do Flamengo, seu time do coração, e notei o seu rosto e outras características fenotípicas bastante familiares.

Dois anos se passaram, até que fui convidado pelo advogado Vagner Pessoa Júnior, então presidente da Fundação Maria de Jesus Pessoa (entidade que administra a Rádio Cultura FM) e pelo apresentador Luiz Carlos Júnior a fazer parte da bancada do programa ALERTA GERAL, na condição de comentarista das áreas de Política e interesse geral. Foi a partir daí que tive o meu primeiro contato com Osmar Meneses, na época, diretor da referida emissora.

Logo de cara, perguntei- O senhor, por acaso é parente de dona Dalci? – Dalci da Cruz Pereira é esposa do empresário e pecuarista Osmar Pereira, que também foi vice-prefeito e prefeito de Vitorino Freire, o qual tive a honra de assessorá-la por dez anos. Prontamente respondeu afirmativamente, e depois do programa me chamou para uma salinha reservada para saber mais de seus familiares, que há anos não os via e nem tinha mais notícias. Depois de dar a ele as notícias, fiz uma ligação via Whatssap para o outro Osmar – O Pereira – e os dois conversaram por vários minutos (pois haviam se conhecido pessoalmente em Chapadinha, ainda na década de noventa, por ocasião do falecimento de um familiar).
No outro dia, após o programa, ele novamente me convida para a mesma sala, agora querendo saber sobre uns parentes que ainda teria no Piauí, enquanto eu falava, ele pegou uma cadernetinha e começou a fazer algumas anotações – Depois observei, que o Osmar tinha o hábito de sempre falar, riscando algum papel- depois fomos falar de Política, e a partir daí, era sagrado todos os dias, de segunda a sexta-feira, de termos pelo menos uns trinta minutos para falar de Política.

A prática da boa política foi um sacerdócio na vida de Osmar Meneses. Tive o privilégio de conhecer, por ele próprio, toda a sua trajetória na arena política, de vereador e presidente da Câmara Municipal, chegando a vice-prefeito e prefeito interino por um período de quinze dias. Ele sabia de cabeça o exato número de votos que teve em cada eleição. Como político, Osmar Meneses doou a sua vida benemérita ao povo de Chapadinha, pois quando começou na vida pública, o cargo de vereador não era de natureza remunerada, embora, o vereador fosse aquele agente público o qual o povo sempre procurava na hora da necessidade. Lembro de uma vez em que Osmar confidenciou a mim, que acabou um comércio que possuía, apenas socorrendo os desvalidos, pois naquela época não existiam os programas de transferência de renda que temos hoje, como o Bolsa Família, por exemplo.

Ao longo da vida, Osmar conquistou o respeito e a admiração das pessoas por ser um homem íntegro, honrado e de espírito benfazejo, mas um de seus grandes amigos era o senhor Boanerges Pinheiro – irmão do empresário Arão Pinheiro – Na política, Boanerges sempre atendia aos pedidos de Osmar para que votasse nos seus candidatos – a única exceção, foi o voto no ex-presidente Jair Bolsonaro, pois Boanerges é lulista de carteirinha e Osmar era defensor do ex-presidente Bolsonaro – Quando os dois discutiam nesse particular, cada um tinha um argumento mais forte que o outro.

Outra pessoa a quem Osmar devotava grande amizade era o saudoso ex-deputado Vagner Pessoa, sendo por anos, o homem de estrita confiança do ex-parlamentar. Também era fiel correligionário da prefeita Ducilene Belezinha e do deputado Aluízio Santos. À prefeita, referia-se sempre apenas como “Beleza”. Com relação ao deputado Aluízio, Osmar sempre o referia como o maior nome da política local, depois do lendário Antônio Pontes de Aguiar.

Osmar Meneses, trazia em seus traços fenotípicos, as características de seus antepassados – a família Meneses, natural do antigo distrito de Brasileira – hoje, município emancipado, mas na época era um povoado da cidade de Piripiri, Piauí. Até onde eu consegui pesquisar, a história dos Meneses de Piracuruca começa com Gil de Sousa Meneses, que nasceu no ano de 1895 e casou-se com dona Carmosina Mendes da Costa, cujo matrimônio durou 44 anos, gerando “apenas” 18 filhos. Foi a partir daí que surgiu a família Meneses da Costa. Essa é exatamente a linhagem genealógica de Osmar.

Gil de Sousa Meneses era fazendeiro e foi o doador das terras, onde hoje se localiza o município de Brasileira. A história dos Meneses da Costa, consta da obra do escritor piauiense Gerson Meneses, professor do IFPI Campus de Parnaíba e Doutor em Biotecnologia. Agora eu sei de onde vem a inteligência das filhas do Osmar.

Com a passagem de Osmar para o Reino celestial, fica o vácuo, uma lacuna que não será preenchida para aqueles que lhe queriam bem, pois era exemplo de cidadão, político, esposo e pai. Um exemplo de honradez e espírito público.

(*) Hipólito Cruz é especialista em História do Brasil pela FAVALE – Faculdade do Vale do Aço, Minhas Gerais.
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