quinta-feira, 5 de junho de 2014

Informação (Ou: manipulação partidária)

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Por: Almir Moreira, advogado

Quinta-Feira, 05 de junho de 2014





A imprensa sempre teve capacidade de manipulação. Não foi à toa o dito por Joaquim Nabuco: “uma das maiores burlas dos nossos tempos terá sido o prestígio da imprensa. Atrás do jornal, não vemos os escritores, compondo a sós o seu artigo. Vemos as massas que o vão ler e que, por compartilhar dessa ilusão, o repetirão como se fosse o seu próprio oráculo.” Mas ela, apesar dessa capacidade, também promove a integração social ao tornar público fatos suscetíveis de provocarem conversas entre as pessoas, toma posição, opina, etc.

Contudo, nos últimos 40 anos, a mídia – falo em termos gerais – largou de lado a função de integração, agora ela é só manipulação, controle social, propaganda partidária. Em regra, a concentração da propriedade dos veículos de comunicação ocasionou isso, embora, claro, hajam outros fatores. Isto gera uma situação anormal, de neurose, esta compreendida como uma mentira esquecida cujo sujeito ainda nela acredita. 

Meteram na cabeça das pessoas a existência de uma hierarquia de autoridade em cujo rol a mídia é incluída; condição mentirosa, mas importante para este intento, por isso vez por outra nos deparamos com alguém pronunciando acerca de algum acontecimento dizendo: eu vi isso no Jornal Nacional. Lasca a assertiva como se tivesse ouvido de um Deus! Tem como verdade absoluta, irrefutável. 

O que chamam de debate não passa de embate só entre pessoas que concordam. O que chamam de notícia é a elevação do fato às últimas consequências dos interesses de grupos ou partidos. Não, queridos, informação e debate passam longe do que se tem hoje como imprensa; seleção de notícias, narrativas distorcidas carregadas de ideologia ou de interesses de grupos identitários não podem ser considerados como a função primordial da imprensa. 

Escritos em jornais, blogs, redes sociais ou assuntos espichados propositalmente em rádios sobre determinados temas, escolhidos seletivamente, no geral, escondem interesses partidários.
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