segunda-feira, 19 de julho de 2021

Gastão Vieira fala sobre o futuro da educação na fase do pós-pandemia

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“Eu não acredito que a educação vai melhorar nos próximos dois anos”. É com essa previsão nada animadora, que o Deputado Federal Gastão Vieira (PROS) vê o desafio dos gestores educacionais em retomar as atividades escolares. E as causas, segundo o parlamentar, não estariam relacionadas apenas com a pandemia.

‘O país já estava no caminho errado há muito tempo. Em 2003, quando era presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara, produzimos o relatório científico “Alfabetização Infantil: Os Novos Caminhos”, fruto do seminário “O Poder Legislativo e a Alfabetização Infantil”.

Mas o documento, que trazia evidências atualizadas sobre o ensino da leitura e da escrita, foi ignorado pelos educadores, por parlamentares e pela academia no país”.

De acordo com Gastão Vieira, nenhum parlamentar ou membro da equipe do MEC leu o relatório, apesar da conclusão importante por ele dada: a de que o Brasil estava pelo menos 30 anos atrasado com relação à alfabetização de crianças. Entre outras coisas, o documento revelou que o país desconhecia a importância da ciência, dos testes, e da neurociência. “Além disso, havia boicote por parte da própria equipe do MEC. Foi assim que a alfabetização baseada em evidência caiu no poço. Apenas em Sobral, no Ceará, isso ressuscitou - município que seguiu todas as recomendações apresentadas pelo relatório e teve o sucesso pelo qual é reconhecido”, disse.

“O MEC discordava ou não considerava propostas levadas por muitos especialistas. Pedimos que, no mínimo, experiências bem-sucedidas que já existiam no Brasil fossem colocadas na mesa, como iniciativas do Todos pela Educação, da Fundação Ayrton Senna e as do município de Sobral”.

Analisando a situação atual da educação no país, segundo o deputado, vários levantamentos feitos durante a pandemia revelam que as crianças em fase de alfabetização foram as maiores prejudicadas. “Os programas do MEC podem até ser bonitos, mas quem está apoiando o professor? Quem está apoiando a criança, avaliando seu desenvolvimento? Portanto, é um discurso que vai ótimo. Mas lhe garanto, pelo menos aqui no Maranhão, nenhum secretário tem notícia dos programas de alfabetização. Há uma desconexão entre as redes. Nunca vi ninguém falar dos programas”, afirmou.

Para Gastão Vieira, o presidente Bolsonaro cria seu governo fundamentado em um discurso ideológico, de um lado, e liberal, de outro. “Mas não consigo ver o ‘mais Brasil e menos Brasília’ na prática.

Na educação, precisamos de políticas focadas e cooperação internacional básica e abrangente. Mas não acredito que vá sair alguma coisa desse governo. A pauta não é construir, é apenas priorizar ensino em casa [homeschooling], Escola sem Partido, militarizar escolas”. “A educação é responsabilidade de todos, precisamos unificar os discursos, falar a mesma língua para tentar acertar o caminho. O ensino pós-pandemia é um caminho ainda desconhecido, cheio de armadilhas e de interesses nada democráticos. Não dá mais pra tratar a educação no país como assunto de pouca importância, é preciso priorizar a única maneira de garantir um futuro digno para nossas crianças e jovens”, frisou.
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