O julgamento que investiga a suposta cobrança de propina em emendas parlamentares por deputados maranhenses pode tomar um novo rumo. Em depoimento, o ex-prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio — autor da denúncia que originou a investigação — negou qualquer vínculo com os parlamentares citados, enfraquecendo a tese da acusação e colocando em dúvida todo o processo.
Segundo Eudes Sampaio, nunca houve contato direto ou indireto com os deputados Josimar Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa. Ele afirmou categoricamente que não recebeu nenhuma emenda de Josimar, tampouco manteve relações políticas ou pessoais com o parlamentar. “Nunca ouvi oficialmente, nunca ninguém me disse. Para mim nunca chegou nenhuma emenda de deputado. Não tive contato com Josimar”, declarou. O ex-prefeito destacou ainda que, à época, Maranhãozinho apoiava adversários políticos em Ribamar, o que reforça a ausência de qualquer ligação.
Durante o depoimento, Eudes relatou que os recursos recebidos pela prefeitura vieram por meio de pleitos feitos diretamente ao Ministério da Saúde e não tinham autoria vinculada a parlamentares. Para confirmar, ele chegou a consultar o então secretário de saúde do município, que afirmou não constar em sistema nenhum registro de emenda parlamentar.
A investigação, segundo o próprio ex-prefeito, teria origem em uma tentativa de extorsão feita por Josival Cavalcante da Silva, conhecido como “Pacovan”, apontado como agiota e já preso em outras ocasiões. Eudes Sampaio contou que Pacovan usava nomes de deputados de forma aleatória como estratégia de pressão. “Ele citava nomes de políticos conhecidos apenas para dar credibilidade à cobrança. Dizia que o recurso tinha vindo de fulano ou sicrano, mas era tudo blefe”, relatou.
De acordo com o depoimento, Pacovan teria se apresentado como responsável por liberar recursos federais e exigido pagamento em troca. Eudes negou qualquer acerto: “Ele disse que veio acertar o dele. Eu respondi que nunca falei com ele e não tinha nada para acertar”.
O ex-prefeito acrescentou que Pacovan se utilizava de informações sobre transferências de recursos aos municípios para chantagear gestores, criando um enredo de que os valores eram fruto de articulação de parlamentares. “Na minha concepção, ele usava informação privilegiada para tentar extorquir prefeitos”, disse Sampaio.
O depoimento deve mudar os rumos das investigações onde acusa deputados teriam cobrado propina, apontando que a denúncia nasceu, na verdade, de um esquema de intimidação conduzido por Pacovan. O caso, que começou como suspeita de corrupção envolvendo emendas, ganha agora um novo contorno: o de uma tentativa de fraude e chantagem contra gestores municipais.
Blog do Thales Castro
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