Por Almir Moreira
Francamente, estive na sessão de abertura do ano legislativo na Câmara Municipal e duas coisas chamaram-me a atenção: a ostentação brega na decoração do palácio legislativo e a ausência de autoridades no ato. Autoridades de outros poderes não compareceram. Ausentes também autoridades eclesiais. Não foi notada ainda a presença de dirigentes de entidades civis, sindicais e clubes.
Chamaram também a atenção os discursos da oposição kamikaze – noutra oportunidade explicarei o qualitativo, calma!, Sempre um palavrório sem sentido. Raciocínio, com freqüência, ficou pela metade nos tais discursos. Perderam-se em anacolutos, em frases soltas, desconectadas do discurso central. Vontade mesmo, só de denunciar por denunciar. Uma lástima!
Gente que se autoglorifica como consciente de sua função como parlamentar e da função do Parlamento se perde numa verborréia sem fim, incapaz de perceber, por exemplo, que um dos grandes temas, talvez o mais importante, seja a discussão a respeito da excessiva centralização do poder político e econômico pela União em detrimento dos municípios.
Veja a realidade do nosso município, caro amigo, igual aos demais do Brasil. Qual o poder do prefeito, ou da Câmara Municipal? O que realmente podem fazer pela comunidade? Quais os sinais de progresso, da ambulância ao asfaltamento da avenida, que acontecem sem que algo caia da mão dadivosa da União? Quais são as leis locais que têm peso no nosso dia a dia? Legislativo e Executivo municipal são poderes cada vez mais vazios, que vivem de promessas, da criação de expectativas junto à União. Empurrando com a barriga sua impotência perante essa ordem jurídica que lhe relega terceiro plano perante o poderio concentrador do Poder Federal. Preste atenção, meu caro, todas as políticas de Estado que podem, de fato, repercutir na sua vêm do plano federal. Por uma simples razão, porque é lá que estão concentrados os recursos tributários e os bancos oficiais realmente significativos. Esse poder central mantido por essa estrutura jurídica injusta conta com um rol de prerrogativas exclusivas que o tornam senhor de tudo.
A confederação nacional dos municípios tem levantado esse tema diuturnamente, municipalistas também têm lutado para conscientizar a sociedade, sobretudo parlamentares, pois sabem da necessidade da promoção de um novo pacto federativo, porém, o pensamento bocó esbarra em si mesmo e não tem condições de estimular um debate desse nível, como bocó foi a abertura do ano legislativo da Câmara Municipal, comandada por gente típica da literatura de Monteiro Lobato, do tempo do Jeca Tatu.
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