Terça-Feira, 23 de dezembro de 2014
A eleição da vereadora Márcia Gomes para a Mesa Diretora da Câmara abre a possibilidade de uma relação mais madura entre Executivo e Legislativo. Coisa que não se viu na gestão passada, quando - por imaturidade administrativa e ambição pessoal - o Legislativo foi transformado numa trincheira contra o governo municipal.
A política transformou-se, então, num verdadeiro cabo de guerra: o diálogo foi substituído pelo rancor e pela intransigência. E a mise-en-scène prevaleceu sobre a atuação séria e responsável - salvo raríssimas exceções, é claro!
A quem esse joguinho interessava? A quem, por um lado, tinha interesse em seguir carreira política e, por outro, em desviar a atenção a respeito das próprias contradições e deficiências. Assim, enquanto as galerias se deleitavam com as bravatas, os palavrões e os discursos vazios, a sociedade ficava sem saber dos desmandos da própria Mesa Diretora.
Não se sabia, por exemplo, que o calendário de responsabilidade fiscal não foi cumprido durante todo esse período; que, pela primeira vez na história da Câmara, o saldo de recursos do exercício de 2013 não foi devolvido ao Executivo, norma obrigatória; e que uma empresa de publicidade foi contratada de forma irregular para fazer divulgação dos atos do Legislativo (fato questionado na Justiça pelo vereador Irmão Carlos, que na época fazia parte da base governista e hoje é aliado do atual presidente).
O resultado disso foi uma onda de encenações, falso moralismo e hipocrisias, que só foi desmascarada depois que uma ação da Polícia Federal prendeu um dos principais representantes da oposição, acusado de pertencer a uma rede criminosa que atuava no Ibama e na Sema. Esse fato foi crucial para a derrota do grupo oposicionista na nova eleição da Mesa diretora.
Mas isso é página virada. Se é verdade que o parlamento não pode ser uma extensão da prefeitura, tampouco pode ser um inimigo mortal do Executivo. Há políticas que devem ser postas acima dos interesses e projetos pessoais. Esse é o horizonte que deve ser perseguido daqui pra frente.
Ivandro Coêlho, professor e jornalista
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