sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Desde quando Flávio Dino é dono da oposição?

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Quando o TSE cassou o diploma de Jackson Lago, os puristas antissarneístas e libertadores do Maranhão avançaram nos cofres públicos aos 45 minutos do segundo tempo e rasparam tudo. O que há de antissarneísta rico por aí é uma barbaridade.

Sexta-Feira, 25 de outubro de 2013


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Flávio Dino (PCdoB) e seus correligionários decidiram que quem não concorda com tudo o que eles falam e fazem é sarneísta. É a mesma visão fascista da época da ditadura militar no Brasil, que tinha até uma slogan sentencial: “Brasil, ame-o ou deixo-o”. Como se para amar ou gostar do Brasil fosse necessário concordar com a ditadura militar.
Há muito, uma oposição formada por raposas políticas cravou: é preciso tirar o Sarney do poder, não importa com quem. Reparem que a mudança já vem seguida de um álibi. Mudança com álibi é licença política para fazer mais do mesmo. A ideia dessas velhas raposas não era bem tirar Sarney do poder, mas apossar-se do bigode do Sarney, se é que me entendem.
Vejamos.
Em 2004, o governador José Reinaldo Tavares (hoje no PSB) viu-se obrigado a romper com os Sarney. Fez de tudo para que esse momento não chegasse, inclusive, queria como candidato à sua sucessão o deputado federal Sarney Filho (PV). O motivo do rompimento é sabido, não vale reproduz aqui pela centésima vez. Basta dizer que era de ordem puramente familiar.
O que se passou, após o rompimento?
O governo José Reinaldo Tavares virou a casa de mãe Joana, tendo à frente Alexandra Tavares, uma arrivista que chegou ao Maranhão sem eira-nem-beira e ao fim do governo tinha eira, beira e outras coisinhas mais.
Os mesmos oposicionistas que hoje se passam por puristas antissarneístas só toparam participar de uma tal Frente de Libertação do Maranhão mediante cargos no governo, uso da máquina para se eleger e houve até quem pedisse indenização em espécie para se sacrificar pela causa. Por aí o leitor já observa o quanto são antissarneístas e o quanto brigam pelo bem dos maranhenses. Entre parênteses, registro: Flávio Dino foi beneficiário da máquina do Estado, que lhe deu um mandato de deputado federal.
Em 2006, o pedetista Jackson Lago foi eleito governador do Maranhão. Com quatro meses de governo a Polícia Federal batia na porta daqueles que iriam libertar o Maranhão. Era a Operação Gautama, uma operação que rastreava uma rede de corrupção que tinha em suas malhas até o governador, que não foi preso, diga-se, porque a então ministra Eliane Calmon viu na Constituição do Maranhão o que na Constituição do Maranhão não estava.
Acrescente-se: quando o TSE cassou o diploma de Jackson Lago, os puristas antissarneístas e libertadores do Maranhão avançaram nos cofres públicos aos 45 minutos do segundo tempo e rasparam tudo. O que há de antissarneísta rico por aí é uma barbaridade.
Agora eu pergunto: vale aquele apelo-álibi de que é preciso tirar Sarney do poder seja com quem for? Claro que não. Qual a vantagem de ter próximo ao galinheiro uma raposa azul depois de espantar a marrom?
O Maranhão precisa de mudanças? Só um cego, mudo e surdo não sabe disso. O Brasil também precisa de mudanças, nem por isso caio na conversa do primeiro reacionário (ou reacionária) que apareça na esquina.
Além do mais, embora o PCdoB de Flávio Dino não goste disso, não estamos no regime fascista da Coreia do Norte, estamos numa democracia, onde as pessoas podem expor suas ideias livremente, inclusive tendo o direito de estar com Sarney. Lula e Dilma gostam e estão com Sarney, por exemplo, era o caso de Flávio Dino não ter aceitado presidir a Embratur, afinal virou colega de governo do Sarney. Ou a convivência só é ruim no Maranhão?
Em 2012, o PPS decidiu, no Maranhão, ter candidatura própria ao governo. O partido tem o direito de alçar voos maiores, sobretudo por ter um nome forte como o da deputada estadual Eliziane Gama. Sozinha, sem coligação e doações de campanha, inclusive contando com apenas uns poucos representantes do partido (uns se aliaram ao candidato de Flávio Dino e outros estavam com Castelo), Gama conquistou o terceiro lugar na disputa. Trata-se de um bom nome.
Mas não estou falando de Eliziane Gama em si. O Partido caminha para disputar o Governo do Maranhão por ter um projeto alternativo. Ou seja: não é sarneísta, mas tampouco concorda com inúmeras práticas da oposição de galinheiro, que hoje aparece nas fotos com Flávio Dino.
Foi o suficiente para a máquina comunista de difamação entrasse em campo. Agora mesmo o jornalista Lauro Jardim publicou nota na qual Eliziane Gama aparece como sarneísta. A nota trazia o carimbo do deputado federal Domingos Dutra, que se diz flavista.
Bom, o jornalista Marco D’Eça divulgou a nota de Jardim. No mesmo instante Dutra respondeu (leiam aqui). Não dissera que a deputada Eliziane Gama é sarneísta. Eis a resposta de Dutra:
“O que eu afirmei é que a deputada como pré-candidata a governadora filiada à Rede iria alimentar conflito interno, eu seria massacrado pela mídia sarneísta, que é entusiasta da pré-candidatura da deputada Eliziane…”  (o grifo é nosso).
Ele garante, ainda, que não enviou nota para Jardim, tratava-se de um documento enviado ao quase-partido de Marina, o Rede. Ele não sabe explicar como um comunicado interno foi parar nas mãos de um jornalista. Eu também não.
Dutra não disse que Eliziane Gama é sarneísta? Não, fez pior, usou do artifício da insinuação, que comumente gera maiores embaraços. O fez daquele jeito matreiro, do atira a pedra e esconde a mão. Para que Lauro Jardim tirasse conclusões apressadas e praticasse mau jornalismo (ele não procurou ouvir Eliziane Gama) foi um pulo.
Cabe perguntar: de prática velhas pode surgir o novo, a mudança? Desde quando a oposição pertence a Flávio Dino? Flávio Dino e acólitos dizem querer acabar com um feudo, sim, implantando um latifúndio político?
Do blog do Kenard
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